segunda-feira, 24 de março de 2014

Tablets, e-readers, livros, muitos livros!


Frequentemente encontro posts com o título iPad x e-Reader ou Livro impresso x E-book. Uso todos, alternadamente, e aqui falo rapidamente da minha experiência sem pretender grandes comparações.

Sou uma leitora de fato e busco ler tudo o que me interessa. Se encontrar o que estiver buscando em formato impresso, e a um preço aceitável, não titubeio em comprar; e se encontrar em formato digital, desde que dentro da legalidade ou  melhor ainda: a um preço justo, baixo sem hesitação, mas até 2011 eu lia basicamente só no laptop ou imprimia os PDFs para ler com mais conforto no papel, opção mais cara, mas nunca fiquei sem ler, o mais importante foi sempre ter acesso ao que eu quisesse.

Então veio a popularização dos e-readers e, com eles, a idéia de tornar os textos acessíveis e livres de complicações em formato e-book. Como autora, logo pensei que aquela seria a oportunidade de editar meus próprios escritos e fazer com que eles estivessem disponíveis a quem desejasse lê-los, sem intermediários ou a necessidade de qualquer contrato com editora ou em qualquer site. Ou seja: independência era e continua sendo para mim o mais importante e por causa disso comprei um iPad: para testar a visualização dos meus próprios e-books, que produzo com softwares livres e também softwares da Apple, mas o livro digital, ao que parece, ainda não decolou no Brasil. É uma pena!



Versão do Don Quijote para o iPad - pode ser baixada gratuitamente no iBookstore.

Mas o problema do Brasil é outro, a meu ver, e que passa pela (falta de) instrução, o que explicaria em parte o número modesto de pessoas que se dizem leitoras no país. Outro problema mais grave, e aqui falo da minha experiência quando vivia lá, é o alto custo e a falta de acesso – sim, livro continua sendo artigo de luxo para a maioria da população, principalmente para os que precisam mais dele e até fariam muito bom proveito se tivessem acesso a bibliotecas com um vasto e bom acervo, o que ainda é muito raro de se encontrar em várias cidades brasileiras. Já me disseram que estou enganada quanto à acessibilidade como fator principal, mas, quem saberá? Se eu não tivesse tido acesso a bibliotecas de outras pessoas, jamais teria me interessado por livros e não seria quem hoje sou, disto tenho certeza.

Pois bem, ler num iPad era muito mais confortável do que ler num laptop, de modo que, sem perceber, minha biblioteca digital quadriplicou rapidamente, isso porque descobri sites em que se pode baixar obras de domínio público legalmente ou mesmo autores contemporâneos que disponibilizam seus textos gratuitamente em formato digital.

Meu sonho então de um dia poder montar uma biblioteca coletiva e de acesso livre materializou-se no formato e-book: Quintextos. Tem muita gente que não acredita nem dá valor ao gratuito, e eu lamento muito essa forma de pensar, mas respeito quem a tem. E para produzir e-books compatíveis com outros dispositivos comprei um e-reader.


Ficou lindo no meu Tolino! Um dos e-books de minha produção, disponível no Quintextos.

Decidi-me por um Tolino desta vez, justamente por não me obrigar a baixar livros de um site apenas, como ocorre com o Kindle e outros e-readers baseados em formatos proprietários. Desde que o e-book esteja em certos formatos abertos, dentre eles ePub e PDF, e que esteja livre do tal DRM (mecanismo de proteção anti-cópia), posso baixá-lo e carregar no Tolino sem problemas. Para gerenciamento da biblioteca, o fabricante recomenda o uso o Adobe Digital Editions, que é gratuito e por ser compatível com o mecanismo de DRM permite, em teoria, a compra de e-books em sites que trabalhem com tal mecanismo. Eu ainda não experimentei a compra a partir do Tolino, de modo que não tenho muito o que dizer neste ponto. Outra opção de gerenciamento de biblioteca digital seria o Calibre, software livre por muitos considerado o melhor da categoria e que tem outras funções também, mas deixo a descoberta a seu engargo.


iPad e Tolino: lado a lado no meu coração

Eis um resumo da minha experiência com o iPad e o Tolino:
1) PDF eu prefiro ler no iPad, pelas facilidades de navegação do iBooks, programa que permite a leitura de e-books no iPad.

2) O iPad é mais rápido, mas há que se considerar que um tablet tem n-funções e um e-reader foi feito basicamente só para ler, e quanto menos funções tiver, mais concentração na leitura poderá proporcionar, requisito indispensável para leitores com o meu perfil. Uso meu tablet somente para leitura. Minha filha usa uns apps para colorir e montar quebra-cabeças de vez em quando, mas também é só.

3)  O iPad trabalha com formatos proprietários; já o Tolino, com formatos livres.

4) O Tolino é mais leve e portátil, por causa do e-ink, permite a leitura em qualquer ambiente, iluminado ou não. Já o iPad causa desconforto neste sentido, pesa muito mais que o Tolino e tem quase o dobro do tamanho (o meu iPad não é mini, é um modelo mais antigo).

5) Tolino foi muito mais barato que um iPad, claro; justificado pelas distintas ofertas de funções.

6) As baterias de ambos duram bastante, pois ler não consome tanto quanto outras funções, mas a do Tolino dura muito muito mais, porém isso pode depender da quantidade e dos hábitos de leitura de cada usuário. Eu costumo ter o e-reader na bolsa para ler em qualquer oportunidade durante o dia e quando não o estou usando, mantenho-o desligado.

Vantagem imbatível de ambos: com eles tenho acesso e posso ler com o mesmo conforto do papel incontáveis obras, disponibilizadas legal e gratuitamente na internet, obras das quais autores de gerações mais recentes dificilmente chegarão aos pés. Mas pouca gente valoriza isso e com tristeza testemunho tantos boicotes ao e-book e ao e-reader. Esquecem-se de que o Renascimento e o o Iluminismo só ocorreu porque o livro tornou-se acessível às populações. E é claro, sigo lendo normalmente também em papel, desde que me cobrem um preço justo por cada versão.

iPad, papel e Tolino: combinados os sentidos estou muito satisfeita com todos, e lendo muito, muito mais!

Outro post sobre o assunto que você não pode deixar de ler:
EbookBR: Ferramentas do ofício






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4 comentários:

  1. Helena, como você uso todas as formas de leitura. Tenho o iPad, um ereader da Sony e um Kindle. E lá vou eu baixando o que for possível. Inclusive, por questão de espaço físico, estou transformando, aos poucos, minha biblioteca em virtual. Também prefiro ler no iPad os livros em PDF, é mais confortável. E ando com os dois readers na bolsa!

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  2. Baixei tudo que tem lá no Quintextos, e agradeço esta sua iniciativa, que me proporcionou conhecer novos autores.

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  3. "...não importa como chega a informação, o importante é a capacidade de absorve-la e traze-la pra nossa vida, só assim e informação imortal de vida pode ser passada por gerações, seja esculpido em pedra, gravado em folhas ou em pulsos de energia, o que preciso é da informação, e minha unica preocupação e em aumentar minha capacidade de absorção..."
    ...trecho de "Uma esponja".

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    1. Olá, The Crow ;-) Se a imagem da esponja é positiva ou negativa... não entro nesta questão, deixo que quem vier a ler estes comentários tire suas próprias conclusões. Seguinte: o cérebro humano não conhece o significado de 'não absorver', a cada milésimo de segundo estamos absorvendo algo, quer tenhamos consciência ou não disso. Eu vejo a leitura antes de mais nada como um jogo gostoso, algo que me dá muito prazer, porque se eu fosse forçada a ler por certo odiaria os livros, ou se eu nunca tivesse escapado da maldição da decoreba, técnica que leva pessoas a reterem informação sem critério ou vivência e por isso mesmo o tempo passa e apaga tudo, justamente porque não deixou nada no cérebro, nem uma coceira, nem uma marca. Mas eu leio (e acho que leio até pouco, queria poder ler muito mais) porque eu gosto, como tem gente que opta por outras formas de satisfação, e porque ler é a minha opção consciente de alimentar o desejo constante que o cérebro humano tem de processamento. A leitura deixa marcas no leitor e se alguém disser que passou a vida 'lendo' e nunca vivenciou nada em suas leituras que o tivesse feito mudar, ou é porque só leu bobagem ou porque nunca aprendeu a ler de verdade. Obrigada por seu comentário, volte sempre!

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