sábado, 26 de abril de 2014

Ruhm (Fama)



Ruhm, Ein Roman in neuen Geschichten (Fama, um romance em nove histórias). Daniel Kehlmann, Rowohlt, 9. Edição, 2013, 203 páginas.


Com segurança, a melhor leitura do ano até agora! Além de reunir os gêneros romance e conto, de modo a obter um quadro maior, o autor usa de recursos conhecidos para chegar a uma narrativa bastante diferente do usual, tanto na forma quanto no efeito recursivo. Diferente de tudo o que eu já havia lido até então (considerando que não li muito nem tudo o que já gostaria de ter lido desde que me descobri leitora e amante de literatura). Não se trata de Unamuno com sua Niebla, nem de Ítalo Calvino em seu Se una norte d'inverno un viaggiatore. Nada disso, trata-se de algo distinto, a meu ver. Embora entre os personagens encontremos escritores e outros tipos intimamente ligados à fama, não se trata de mais um desses textos que abusam da auto-ficção, da meta-linguagem ou do que se convencionou chamar de pós-modernismo, hoje em dia tão comuns. A estrutura pareceu-me uma boa implementação da idéia nos desenhos de M. C. Escher, particularmente aquele das mãos que se autodesenham (drawing hands). Uma narrativa dinâmica e escrita de forma elegante que reúne inteligência, crítica, bom humor e ironia fina, e é capaz de seduzir o leitor (senti-me completamente envolvida) do início ao fim de cada uma das histórias que compõem a história maior: o romance em nove contos. Um jogo inteligente e bem arquitetado que confunde com maestria ficção e realidade, um livro que vale muito a pena ler, um livro mais do que ótimo... um livro que eu achei: 

E X C E L E N T E !

Eis minha reação imediatamente após a leitura: 

"Sabe quando você termina de ler um livro e fica assim, de boca aberta, embasbacado de tão bom que a experiência foi? Pois é, raridade encontrar escritores jovens que conseguem causar esse efeito hoje em dia... Daniel Kehlmann!"



Existe uma tradução para o Português do Brasil na página da Cia das Letras (ver aqui). Porém desta versão nada posso dizer, por não tê-la lido.


© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Faz de conta que foi pra mim, faz... ;-)

Dedicatória em Ich und Kaminski, Daniel Kehlmann.




© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Llanto, novelas imposibles

Llanto, novelas imposibles. Carmen Boullosa, Ediciones Era, 1992. 122 páginas.


Poderia Moctezuma reviver em nosso tempo? E por quê não?

"La Novela ríe de la voluntad del escritor, es Ella quien anda. (...) la Novela ríe del intento de hacer entrar en su territorio a aquel que no ha traicionado el mundo, al que no conoce el desgajamiento de la palabra escrita e (...)" Página 113. 


Um texto intrigante e surpreendente, no mínimo.


Veja a foto da capa no site da autora.


Avaliação: Muito Bom


© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Ich und Kaminski




Ich und Kaminski, Daniel Kehlmann, Suhrkamp, 174 páginas


Taí, acho que na categoria ficção este é o melhor livro lido este ano, por enquanto. Um estudante de arte tentando juntar dados para escrever a biografia de um pintor cego, muito idoso já, vai desenrolando uma trama que não se consegue prever o final e quando o livro termina fica-se com aquela confusão gostosa na cabeça, aquela dúvida que Machado tão bem soube explorar em Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas - "Um Cubas!", "Kaminski, Manuel!" No fundo, acho tratar-se de um livro sobre a fama e essa curva tão característica que a descreve muito bem: você é desconhecido, um dia se vê famoso e com o passar dos anos ninguém mais lembra de você. Escrito com uma ironia finíssima, elegância e inteligente bom humor. 

Eu gostei  M U I T O !


Avaliação: Muito Bom



© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Kosmetik des Bösen



Kosmetik des Bösen, Amélie Nothomb, Diogenes, 107 páginas


Taí, uma boa leitura para se fazer em ocasiões de espera ou deslocamentos, essas situações em que podemos escolher, sabiamente, ao invés de ficar encarando as pessoas ou o teto, tirar da bolsa alguma coisa produtiva para ler. Texto inteligente e muito bem escrito, trabalha bem o suspense mas, pena!, não conseguiu me surpreender. A idéia remeteu-me à de um filme (com Brad Pitt e Morgan Freeman) cujo título não revelo para, por ventura, não estragar a surpresa de quem nunca assistiu a este filme, nem leu o livro ou roteiro que deu origem a ele, e, justamente por isso, possa vir a surpreender-se com o final deste livro da Amèlie. Em alguns momentos eu até pensei que a história tomaria outro rumo, mas cheguei tranquilamente ao final que eu já havia previsto lá pela metade. Schade! O ponto forte, entretanto, pode estar muito mais no diálogo do que na trama em si, por isso fico por aqui com minhas impressões iniciais. É um bom livro e vale muito a pena lê-lo, claro. Ah, e já foi traduzido no Brasil, parece-me que, sob o título "A Cosmética do Inimigo". Como eu sempre digo: leia e tire suas próprias conclusões, é sempre o melhor!




Avaliação: Bom+ (de Bom para Muito Bom)


© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.