sábado, 23 de agosto de 2014

Temblor



Temblor, Rosa Montero, Seix Barral, 318 páginas, 978-84-322-5069-9

Uma história muito bem contada, engendrada e, sem dúvidas, muito bem escrita. Não leio com frequência histórias fantásticas, e exatamente por isso incluí este título na minha lista, pois conhecia já outros livros de Rosa Montero e queria ler algo diferente daquilo que costumo ler. Esperei 'temblar' um pouco mais com a leitura, mas não posso dizer por conta disso que o livro não me agradou, talvez tenha sido escrito para um público juvenil. Digamos que se manteve constante, não desgostei, mas também não cheguei a amar. Não só pela ótima qualidade da escrita, mas também pelos drops de filosofia, vale muito a pena ser lido, vale sim!

Avaliação: Entre Bom e Muito Bom (Bom+)


© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Era uma vez... para sempre!



Era uma vez... para sempre!, José Cláudio Adão, Biblioteca 24horas, 98 páginas, 978-85-4160-709-4

Na ficção, assim como na vida, nunca se pode afirmar o que é cem por cento verdade, invenção, ou uma mistura de ambos. Nossas memórias não são cem por cento confiáveis e por isso é sabido que toda história tem, no mínimo, duas versões, incluindo as biografias. Daí a dificuldade de contar a própria história ou a daqueles que estão muito perto de nós. Este livro nos traz uma narrativa linda e inspiradora, uma história humana, de dois seres humanos, contada em partes e referencias que nos levam ao Inferno de Dante e ao Céu de Carlos Drummond, dentre outros.

É um testemunho de amor sim, mas não é uma história melosa e o padrão é simples, como a própria vida, pois um professor de Matemática um dia me disse que os problemas mais importantes são poucos e são aqueles que continuam sem solução; por conta disso, ao reduzir a complexidade de outros tantos topamos sempre com os mesmos padrões elementares. E este livro traz o mais humano e comun de todos eles, e que nos dias materialistas e sem esperança de hoje quase ninguém mais acredita que histórias como esta ainda possam ser reais: duas pessoas se encontram, o destino as separa e anos depois consegue uní-las outra vez. Piegas? Eu não acho. É a mais humana das questões: saber lidar com a dor, com as perdas, com as rejeições, saber reerguer-se de relacionamentos que não dão certo e nunca, jamais mesmo, perder a fé no amor. E se eu já admirava o autor sem saber de nada disso, agora que conheço um pouco de sua história passei a admirá-lo muito mais.

A história é o ponto forte do livro, pois ela simplesmente nos traz à memória que: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” (I Coríntios, 13:13)

Este livro me foi carinhosamente presenteado pelo próprio autor, e ficará em minha prateleira especial para livros com dedicatória. Devorei-o no mesmo dia que recebi, a leitura flui não só pela realista história, também pela competência do autor, talento já reconhecido por tantos que acompanham suas crônicas e blogs (eu me incluo).

Agora uma história pessoal: em 2009, topei na Internet com o manuscrito de A Vida do Bebê – 2a Parte – De 40 Para a Frente. Li o manuscrito por acaso e compartilhei com ao autor as minhas impressões de leitura. Pouco tempo depois, em 2010, saiu em forma de livro e recebi do autor um exemplar com a seguinte dedicatória: “Para Helena Frenzel, companheira das trilhas literárias, amiga perto do coração. Com carinho, José Cláudio Adão, BH, fevereiro de 2010.” Esse foi o primeiro livro de José Cláudio Adão e o primeiro que eu recebi de escritores da minha geração, escritores com quem eu costumava (e ainda costumo) interagir na Internet.

Ou seja: de alguma forma eu também sou parte desta história, uma história de superações e de amor não só à vida e à família, ou do amor entre um homem e a mulher de sua vida, mas também da trajetória de um escritor (uma pessoa simples como eu) da minha geração, na descoberta da literatura e de seu poder salvador. Por tudo isso, não é porque o autor é meu amigo que recomendo este livro, nada disso! Recomendo-o porque vale muito mesmo o tempo de ser lido e por ter-me sido tão inspirador!

Avaliação: Muito Bom.


Parabéns, José Cláudio, e que venham muitos outros mais!




© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A Paixão Segundo G.H



A Paixão Segundo G.H., Clarice Lispector, 179 páginas, Editora Rocco.

Outro título de Clarice que, para mim, tem como pedra fundamental a surpresa. Portanto, se você tem a edição impressa deste livro NÃO LEIA A ORELHA de José Castello antes de ter lido o texto original, pois ela revela um dos pontos máximos do livro e tira do leitor o prazer de descobrir a narrativa por si só. Ainda bem que eu tenho o hábito de ler primeiro o texto original e só depois, os complementos.

Esse livro não me proporcionou uma experiência de leitura fácil, e não pude lê-lo de uma vez só. Mesmo que tivesse tido o tempo requerido, senti várias vezes necessidade de fazer uma pausa porque o texto consome muito a energia do leitor (foi essa a minha impressão). Não que seja um texto difícil, porém é um texto enigmático e profundo, não foi à toa que Clarice pediu logo no começo a possíveis leitores que lessem esse livro como pessoas “que sabem que a aproximação do quer que seja, se faz gradualmente e penosamente – atravessando inclusive o oposto daquilo que se vai aproximar. Aquelas pessoas que, só elas, entenderão bem devagar que este livro nada tira de ninguém.” E que por isso ela “ficaria contente se fosse lido apenas por pessoas de alma já formada”. Não sei se sou uma pessoa assim, de alma já formada. A história me fez lembrar Kafka e não deixa de ter como fundo um tipo de metamorfose (a transcendência), tanto para a autora quanto para os possíveis leitores e para a personagem G.H.

Para dar uma idéia de como fiz esta leitura, comecei num bom ritmo, o qual foi diminuindo em algum ponto lá pela metade do texto, dado que sentia a narrativa me sugando em vários pontos e a necessidade de parar para ‘digerir’. Em alguns momentos vi-me tão perdida quando a personagem, pensando aonde tudo aquilo poderia nos levar. Então chegamos a um outro ponto, antes do clímax apontado na orelha estraga-surpresas, em que a narrativa reacelerou de um modo que mesmo eu tendo de interromper a leitura por motivos externos,  sempre retornava ao ponto de parada com o mesmo entusiasmo: o desejo de chegar ao final porém postergando ao máximo aquela ‘passagem’, razão que me fez chegar à última página e fechar o livro com um: “Cara, bom demais!”

Tive a impressão de que a narrativa traz muito da personagem G.H., porém muito mais da autora e suas inquietações, talvez muito sobre suas questões em relação a Deus ou à religião. Mas aqui apenas especulo. Há muitos estudos já sobre Clarice e sua obra, apenas me limito à minha experiência de leitura com esse intrigante e instigante livro.

Leia e tire suas próprias conclusões.

Avaliação: Ótimo!


Eis o que escrevi no meu skoob enquanto estava lendo: 

"Este livro é tão intenso que só estou conseguindo ler capítulo a capítulo, bem devagar, como se cada capítulo fosse uma iniciação para o próximo. Ele me suga, cada palavra diz muito, cada frase é um mar de sentidos, um mergulho muito bom."



© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Frauen, die lesen, sind gefährlich



Frauen, die lesen, sind gefährlich, Stefan Bollmann, com prefácio de Elke Heidenreich. Elisabeth Sandmann, 144 páginas.

(Mulheres que lêem são perigosas)

Representações de mulheres lendo (em telas e fotografias), acompanhadas por comentários de possíveis interpretações do jeito 'feminino' de ler. Uma exposição que gostei muito de ter 'folheado'!

Avaliação: Bom.


© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Elettra



Elettra, Amélie Nothomb, Voland, Ebook, 37 páginas. Traduzione di Monica Capuani.

Conhecendo a Nothomb, surpresa teria sido se esse conto não fosse bom. Explora maravilhosamente a fama e as neuroses que ela causa. E o melhor: está disponível gratuitamente na loja da Apple. Baixei e devorei! Detalhe: esta versão está em Italiano.

Avaliação: Ótimo!



© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Laços de Família




Laços de Família, Contos de Clarice Lispector, Editora Rocco, Ebook, 228 páginas.


Gostei de todos os contos desta coletânea, sem exceção.

Avaliação: Ótimo!


© 2014 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.