Ótimas notícias... trouxe-me o segundo livro de Juliana Gervason!
A começar pelo título —notícias boas que não chegam nunca ou notícias que não chegam boas nunca, como preferirem interpretar o jogo de sentidos—, não há vírgula desperdiçada, distraída ou equivocada neste livro. Tudo nele serve ao feliz jogo das distintas interpretações, como permite toda boa poesia e expressão.
O índice já inicia encadeando boas notícias do que se encontrará no restante: espaço para encantamento, questionamento e muita reflexão. Enganam-se aqueles que, pouco acostumados às possibilidades da poesia ou tendo muito apressadamente lido apenas um lado do título ou um só sentido do texto da contracapa, suponham tratar-se dos ditos "recados de amor" ou de um livro de lamentações. Nada disto!
O eu-poético apóia-se na melancolia, é bem verdade, mas a leitura proporcionou-me todo o contrário: fortaleza, clareza de pensamento e urgência de reação. Revelou-se como o registro do duro, porém necessário, crescimento de um eu-poético que, se em Perdoe-me tanto laquê (primeiro livro da autora) já se revelava íntimo e amante do jogo poético, agora mostrou-se muito mais maduro e disposto a entregar-se sem medo à descoberta dos poéticos prazeres das líricas relações; revelou-se como um eu-poético que, nos moldes de Nietzsche, não tem mais medo de olhar para o abismo e muito menos de se atirar nele, não com a esperança de ver o reflexo de si mesmo, mas pela certeza da ausência que o abismo lhe oferta.
O índice já inicia encadeando boas notícias do que se encontrará no restante: espaço para encantamento, questionamento e muita reflexão. Enganam-se aqueles que, pouco acostumados às possibilidades da poesia ou tendo muito apressadamente lido apenas um lado do título ou um só sentido do texto da contracapa, suponham tratar-se dos ditos "recados de amor" ou de um livro de lamentações. Nada disto!
O eu-poético apóia-se na melancolia, é bem verdade, mas a leitura proporcionou-me todo o contrário: fortaleza, clareza de pensamento e urgência de reação. Revelou-se como o registro do duro, porém necessário, crescimento de um eu-poético que, se em Perdoe-me tanto laquê (primeiro livro da autora) já se revelava íntimo e amante do jogo poético, agora mostrou-se muito mais maduro e disposto a entregar-se sem medo à descoberta dos poéticos prazeres das líricas relações; revelou-se como um eu-poético que, nos moldes de Nietzsche, não tem mais medo de olhar para o abismo e muito menos de se atirar nele, não com a esperança de ver o reflexo de si mesmo, mas pela certeza da ausência que o abismo lhe oferta.
Um livro montado com notado esmero e muita sensibilidade, poemas com âmago feminista, mas sem radicalismos e panfletagem; um livro que inspira a resistir e a lidar de maneira racional com o sofrimento, com as decepções e com a inevitável dor de aprender de si e de "tornar-se" sendo.
Essas são "notícias" que eu certamente daria com muito carinho de presente a quem ama poesia, a quem até certo ponto já cresceu e ainda segue crescendo.
Resumindo: amei o primeiro, adorei o segundo e já estou ardendo pelo terceiro livro. E que não tarde a vir!
Notícias boas que não chegam nunca, juliana gervason, chiado editora.
© 2014-2016 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário