quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Die Schule der magischen Tiere, Volume 1 - Margit Auer























Gosto de contar histórias.
Gosto, ainda mais, de contar histórias sobre livros.
Este livro aqui tem uma história que entrou para a minha história. 
Vamos a ela!

Minha filha começou a ter contato com os livros desde muito cedo. 
Eu passei boa parte da gestação lendo para nós duas, em voz alta. 
Eu lia fábulas e histórias oriundas dos mais diversos lugares do mundo. 
Quando ela nasceu, eu continuei com essa prática de leitura. 
Criamos o hábito de sempre ler um livro ou alguns capítulos antes dela dormir. 
Ela foi crescendo e, aos três anos, mais ou menos, incluí em nossa rotina visitas semanais à biblioteca do bairro. 
Lá, havia uma senhora que, todas as sextas-feiras, passava uma meia hora lendo para as crianças. 

Todas as sextas-feiras era então dia de biblioteca!
Era dia de pegar novos livros que seriam muito bem lidos durante a semana. 
Assim ela foi crescendo, na companhia de leituras, livros e leitores! 

Depois que ela começou na escola, e quando já sabia ler sozinha, notei que o interesse pelos livros foi decaindo. 
Compreendi que isso ocorreu por conta do esforço da alfabetização e da adaptação ao sistema escolar. 
Como ela já passava as manhãs inteiras às voltas com textos na escola, era de se compreender que, em casa, ela quisesse fazer outras coisas para espairecer. Muito natural!
As visitas semanais à biblioteca foram deixando de ser interessantes porque as sessões de leitura se dirigiam a crianças mais jovens. 
Agora ela queria passar mais tempo em casa brincando, jogando ou assistindo a programas na televisão ou em vídeo. Ela continuava amiga dos livros, mas não como antes.

Claro que comecei a me preocupar com isso e tentei, pelo menos, manter vivo o hábito de ler um pouco junto com ela antes de dormir. 
Em algum momento passei a usar a seguinte estratégia: eu lia um capítulo e ela lia outro, assim íamos alternando a leitura e eu aproveitava parar tentar mostrar a ela que os livros são interessantes, que eles têm coisas fascinantes para nos mostrar, coisas que não podemos descobrir só assistindo a interpretações alheias prontas que recebemos, por exemplo, na forma de filme. 
É que um filme já traz embutido nele a visão de quem o fez, de quem escreveu o roteiro, etc. 
Filme é uma linguagem; texto é outra, completamente diferente. 
As duas linguagens às vezes se complementam; outras vezes, não. 
"Por que não experimentar as duas linguagens? Podemos ler juntas o livro e depois assistir juntas ao filme que se baseia nesse livro, que tal?“ - propus a ela. 
Assim lemos juntas Peter Pan, Pinóquio e tantos outros.

Outra estratégia para estimular a leitura foi promover um tipo de concurso entre ela e o pai - eu fui excluída desse concurso porque ninguém aqui em casa pode concorrer comigo quando o tema é leitura. 

A estratégia da leitura alternada e compartilhada - alinhada à idéia do concurso - funcionou bem por um tempo, mesmo assim notei que faltava nela um desejo autêntico pela leitura. 
Tentei dar tempo ao tempo, pois a última coisa que se deve fazer quando se quer ver um leitor florescer é tentar impor o que quer que seja. 
Então um belo dia o acaso me levou a trabalhar na organização de uma feira de livros infanto-juvenis. 
Lógico que minha filha não quis ir comigo à feira, porque naquela fase ela estava achando que o livro era uma coisa muito chata…  
Nessa feira de livros, conversando com uma outra mãe sobre como motivar a leitura nas crianças sem forçar a barra, ela me sugeriu que eu desse para a minha filha quaisquer dos volumes da série "Die Schule der magischen Tiere“, de Margit Auer. 
A tradução literal do título para o português seria mais ou menos "A escola dos bichos mágicos“ ou a "A escola dos bichos fantásticos“. 
O livro tem ilustrações de Nina Dulleck. 
Margit Auer é jornalista (ou repórter) e escreveu (escrevia ou escreve) para grandes jornais e portais de notícias alemães. 
Enquanto ela acompanhava o crescimento dos três filhos, ela leu muitos livros infantis. 
Um belo dia, se viu com vontade de escrever um. 
Daí nasceu a série "A escola dos bichos mágicos ou fantásticos“. 

Sim, comprei então o volume 10, que estava à venda na feira, e levei para casa. 
Cheguei em casa e disse para a minha filha: "Eu te trouxe algo“. 
Sabendo que eu vinha de uma feira de livros, ela me olhou meio desanimada e disse: "Já sei, livros…“ 
Eu não me deixei abater e confirmei: "Sim, me disseram que este aqui é muito bom. Experimenta!“ 
Deixei o livro em cima de uma mesa. 
Em algum momento ela foi lá e pegou o livro, abriu e começou a lê-lo. 
Eu fui cuidar das minhas coisas e a deixei com aquele objeto tão "sem atrativos“. 
Chegou a hora dela dormir e ela me disse: "Vou ler mais um pouquinho, tá?“ - e levou o livro consigo para a cama. 
No dia seguinte, quando eu voltei para casa já quase no final do dia, a surpreendi lendo, e muito interessada aliás. 
Ao final da noite ela me disse: "Massa! Quero outro volume!“ 
Eu quase não acreditei no que estava ouvindo… 
Ela estava lendo sozinha, o livro tinha mais de 200 páginas e ela o havia devorado em uma noite e um dia! Uau! 
Ela me contou a história e eu comprovei que ela, de fato, havia lido todo o livro. 
Morri de vontade de dar um abraço na Margit Auer e dizer: "Mulher, você sabe escrever! Respekt!“ - Isto é o que se costuma dizer em alemão quando se quer expressar respeito e admiração por alguém ou por algo. 

De lá para cá, senti que minha filha voltou a gostar da companhia dos livros. 
Agora estou tendo que cavar tempo para, além dos meus próprios livros, ler também o que ela está lendo, para que possamos trocar figurinhas a respeito. 
Ela começou pelo volume 10, o mais recente, e já leu quase todos os volumes anteriores. 
Eu acabei de começar minha aventura pelo volume 1. 
E ela tem razão, o livro realmente é muito bom!
Reproduzo aqui o que ela achou da leitura do volume 1, já que a opinião dela pesa mais do que a minha:
























Tradução: "Eu achei o livro super (bom) porque (agora eu sei como) os primeiros bichos fantásticos encontraram os seus (cuidadores) humanos".

Neste primeiro volume começamos a conhecer cada uma das crianças que formam a classe da professora Cornfield. 
Miss Cornfield veio da Escócia e tem, junto com seu amigo Mr. Morrison, um projeto muito especial para a classe, um projeto que envolve os bichos mágicos ou fantásticos. 
No tempo adequado, cada criança vai sendo designada ao seu bicho fantástico. 
Claro que entre a criança e seu bicho tem que haver uma relação muito especial.  
O que eu mais gostei neste volume foi observar que o texto trata com respeito as crianças e não banaliza seus problemas, que são todos problemas da vida real de crianças da mesma faixa etária dos personagens. 
É um texto sóbrio, super bem escrito, descomplicado e fluído. 
Resultado? Fantástico!
Só posso recomendar!


Die Schule der magischen Tiere, Band 1, Margit Auer. Ilustrações de Nina Dulleck. Editora Carlsen.


Foi traduzido em Portugal como O Colégio dos Animais Mágicos, editora Booksmile.





© 2014-2019 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

10° Festival de Cinema Latino-Americano em Saarbrücken, Alemanha - III

Filmes exibidos no domingo, dia 10.11.2019:
La Flor (Episódio 2) (Argentina, direção de Mariano Llinás) - Este filme é parte de uma sequencia de 6 episódios e, considerado o que vi neste episódio 2, se trata de um projeto com forte caráter experimental. Eu gostei bastante do que vi, exatamente porque gosto do que não é normal, do que não é óbvio. Vi pessoas do publico reclamando por não terem entendido nada, ou não terem gostado por conta do formato musical, mas eu acho que quanto mais bagagem cinematográfica uma pessoa tenha, mais inovador e instigante o projeto se revelará. No final eu senti a pele arrepiando. Pouco importa que cantem bem ou mal, o importante é que cantem e interpretem com alma. Gostei muito e fiquei com vontade de assistir aos demais episódios. Um ótimo filme!

Los Silencios (Brasil, direção de Beatriz Seigner) - um filme emocionante e comovente! Quanto menos o público souber sobre esse filme, mais profunda será a experiência de assistí-lo, portanto não vou contar nada sobre a história. O silencio grita sempre mais alto! Um filme que dá voz a quem geralmente não tem voz; um filme que, no silencio, grita as injustiças e a dor das vítimas de tantas guerras sem razão. Um filme muito, muito bom!

© 2014-2019 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

domingo, 10 de novembro de 2019

10° Festival de Cinema Latino-Americano em Saarbrücken, Alemanha - II

Filmes exibidos no sábado, dia 09.11.2019:
La Camarista (México, direção de Lila Avilés) - Um filme que, embora pareça mudo, grita a invisibilidade e a extinção proposital das mínimas possibilidades de melhora; um filme que, em sua aparente monotonia, desnuda a dinâmica da exploração e destrói o mito da meritocracia. Um filme muito bom!

Breve Historia del Planeta Verde (Argentina, direção de Santiago Loza) - este filme mostra as dificuldades enfrentadas por pessoas que desviam dos padrões. A protagonista é uma mulher trans e seus amigos também são pessoas que têm alguma dificuldade para adaptar-se às exigências sociais. A avó da protagonista morre e deixa para a neta, como último desejo, a realização de uma tarefa muito especial. A proposta e o tema deste filme são muito interessantes, vale a pena conferir.


© 2014-2019 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 9 de novembro de 2019

10° Festival de Cinema Latino-Americano em Saarbrücken, Alemanha - I

Filme exibido na quinta-feira, dia 07.11.2019:
La cordillera de los sueños (documentário, Chile/França, direção de Patricio Guzmán) - Uma visão esclarecedora de como o Chile e boa parte dos chilenos lidam com a memória histórica. Também serve como um prognóstico do que pode ser o Brasil de amanhã, principalmente quando mostra as consequências de uma política extremamente neoliberal e nociva às pessoas.

Filmes exibidos na sexta-feira, dia 08.11.2019: 
1 - Joel (Argentina, direção de Carlos Sorín) - Joel é um menino de nove anos que acabou de ser adotado por uma família que vive numa cidadezinha na Patagônia. Além do stress da adaptação ao novo lugar e aos novos pais, o menino também é submetido ao stress da adaptação em uma nova escola. Um filme que trata de adoção de crianças mais velhas e também do grande problema da inclusão: a sociedade. Um filme emocionante!

2 - Rállame la Zanahoria (Cuba, direção de Eduardo del Llano (apresentado pelo próprio diretor em pessoa): este curta traz uma crítica deliciosa sobre o futuro de Cuba e, na minha opinião, também sobre o futuro do resto do mundo. Não me surpreenderá se, ao ter que escolher entre todos os possíveis modelos econômicos disponíveis, as pessoas votarem em peso pela volta da escravidão. Afinal de contas não é a escravidão voluntária e legalizada aquilo que o neoliberalismo está trazendo? Ótimo curta!

3 - El viaje Extraordinário de Celeste Garcia (Alemanha/Cuba, direção de Arturo Infante) - Este filme é uma delícia, há tempos eu não gargalhava com tanto gosto. Celeste é uma ex-professora que trabalha num planetário. Um dia, ela chega em casa e encontra uma carta que lhe foi deixada por uma vizinha que havia sido levada por extraterrestres. A carta era um convite para conhecer o novo planeta. Todas as pessoas que receberam o convite são levadas para um lugar especial em Cuba, onde seriam treinadas para o dia em que a nave alienígena viesse buscá-las. Este filme é uma sátira deliciosa em torno da velha pergunta de migrar ou não e da relação de Cuba com o conceito de alienígena. Um filme que vale muito a pena ser visto!

Tendo a oportunidade de assistirem a esses filmes aí no Brasil, não hesitem, são todos muito bons!



© 2014-2019 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Viajantes do Abismo: fantasia que renova!



Se você gosta de fantasia inteligente, sugiro que leia este livro – urgente! – pois muito provavelmente você vai gostar. 

Já se você é do time dos que veem a fantasia ou a distopía como um gênero menor, ou do time dos que ainda não descobriram o alto valor da diversidade, sugiro este livro mais ainda, pois pode ser que ele consiga despertar em você o prazer da leitura e, de quebra, abrir seus olhos para questões essenciais do nosso tempo. 

Este livro não trata de temas que se possa considerar agradáveis, mas ele os trata de um jeito que prende ao texto do começo ao fim. O bom humor ou a ironia com que boa parte das coisas são contadas – reações inusitadas das personagens, por exemplo –  atenuam a gravidade do que está sendo narrado. O uso da ironia, do humor e da sátira costumam ser marcas de textos que nos fazem pensar, textos distópicos que servem à crítica e à reflexão. Nikelen Witter é historiadora, pesquisadora, professora, e é uma escritora que sabe muito bem como usar a fantasia para contar histórias que precisam urgentemente ser conhecidas.

Eu queria ter pego este livro e tê-lo lido sem pausas, porque sempre que eu o abria, meu desejo era não fechá-lo. Porém, a correria do dia a dia não me permite a leitura ininterrupta de um texto com mais de trezentas páginas. Mas mesmo tendo que fazer pausas, a leitura me prendeu de um jeito que, quando dei por mim, estava até sentindo o cheiro do gelo e procurando tempo nos bolsos – quando você tiver lido este livro você saberá do quê estou falando. 

Não vou comentar aqui sobre a(s) história(s) porque, qualquer coisa que eu diga, poderá tirar a surpresa do leitor ou da leitora. E o bom de ler um livro também está nisto: na descoberta parágrafo por parágrafo, página por página, daquele mundo que vai se revelando e se montando na cabeça e na fantasia de cada um. 

Por isso é que eu penso que exatamente aquelas pessoas que dizem não gostar de fantasia são as que deveriam dar a este livro a chance de mostrar a elas que fantasia é algo muito necessário, ainda mais num mundo tão louco e numa época tão confusa quanto a nossa! A fantasia, ainda que distópica, é o que nos ajuda a enxergar as coisas de outro modo, a ver nascer algum tipo de otimismo no meio da mais completa desolação.

Razões extras para recomendar

É um livro com protagonistas fortes, um livro que preza e dá visibilidade à diversidade, um livro que dá voz e protagonismo a pessoas que costumam ser tratadas de modo subalterno em vários tipos de narrativas. E estes já são motivos mais do que suficientes para que este livro seja lido, relido, presenteado, emprestado, recomendado etc. 

Considerações sobre o gênero

Ao final da leitura eu fiquei me perguntando se este texto se trata realmente de uma distopia, uma vez que o medo ou a advertência não foram as impressões que em mim ficaram após a leitura. O que este texto acendeu em mim foi, de maneira surpreendente, a esperança e um desejo mais forte ainda de lutar por mudanças, de ser a mudança que eu quero ver. Neste sentido eu diria que este texto é uma ode à resistência e um testemunho autêntico dos nossos dias.

Nos últimos anos eu li utopias, distopias e textos pós apocalípticos dos mais diversos tipos e nas mais diversas línguas, e o que eu vi neste livro, e que me alegrou muito no que tange ao contexto da literatura brasileira contemporânea, é que este texto não ficou devendo nada a nenhum dos outros textos do gênero que eu li recentemente, nem mesmo aos grandes que já fazem parte do cânone. Isto é importante ser dito porque mostra que a literatura brasileira contemporânea, no tocante a este gênero específico, não pode mais ser ignorada num contexto internacional. Talvez só não tenha ganho o devido reconhecimento porque ainda não teve tradução para outras línguas. Então, tradutores, fica a dica! Sugiro a tradução para o vasto público hispanohablante.

Aspectos outros que se deve ressaltar

Ao final da leitura fiquei com a impressão de que quanto mais bagagem histórica, científica e literária, mais interessante se tornará a leitura, pois o texto está cheio de intertextualidade (consciente ou inconsciente) com outros textos distópicos e fantásticos.

A topologia é um dos aspectos mais interessantes, também a mistura entre coisas que interligam passado e futuro. Quem gosta de design e moda também está muito bem servido, porque os figurinos descritos são, para dizer o mínimo, curiosos.

Lingüisticamente também é um texto muito interessante, porque várias passagens revelam pontos nos quais a linguagem foge ao padrão do português brasileiro considerado standard, o que também não deixa de reforçar a idéia de promover e tornar visível a diversidade também lingüística do Brasil. O que alguns apontariam (talvez) como erros de português ou falhas de revisão, eu percebi como uma escolha lingüística consciente, assim como é consciente a minha escolha de preservar o trema e acentuar as idéias que eu acho que valem a pena ser acentuadas. É um livro que, quanto mais despidos de preconceitos estivermos, melhor será a experiência de leitura e mais rico o texto se revelará.

A forma como a imprensa costuma distorcer a realidade das coisas também está bem representada. Taí, não lembro de já ter lido estudos sobre a representação e o papel da imprensa na literatura... Estudantes, fica a dica!

Seja a revolução que você quer ver

Esta idéia vale tanto para as personagens como para a autora do livro e seus colaboradores: leitores/leitoras e autores/autoras de literatura fantástica que não felizes com a situação do fantástico brasileiro se dispuseram a começar a ser a mudança que eles e elas queriam ver. Taí, os frutos são muito bons e já estão sendo colhidos. Parabéns! Parabéns em dobro, porque publicar no Brasil, principalmente no Brasil de hoje, é mais do que difícil: é uma luta de Sísifo!

Por último, ao ler este livro entende-se por que, nas situações de crise como os pós guerra, se nota um avanço na ficção científica, distópica e/ou pós-apocalíptica. É simples: as pessoas precisam de fantasia para renovar as esperanças, as energias, e sobreviver!


Ainda não leu? Pois trate de ler!
Não se trata de uma ordem e, sim, de uma sugestão! :-)


Viajantes do Abismo, Nikelen Witter, Editora AVEC.



Foto: Viajantes do Abismo à beira do cais em Glückstadt.




© 2014-2019 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

sábado, 2 de novembro de 2019

Poesia-tijubina com sabor de MA-Caxias


Sim, falo da poesia tijubina de Carvalho Junior, 
filho de Caxias, Maranhão,
orgulho dos grandes!

De Carvalho,
este é o terceiro livro lido, 
por isso posso afirmar:

A cada livro lançado, 
mais ousado o poeta se lança
no desafio de poetar
com olhos abertos de poeta
ativo;
no prazer do transcrever 
translúcido
aos olhos de quem
poesia ama,
aos olhos de quem decodifica 
o mundo 
em versos que
letripulam.

Convido também à leitura de Dança dos Dísticos 
amostras outras do poetar tijubino de Carvalho,
júnior de Caxias, terra de poetas!

Deixe minhas pobres rimas,
e se ponha com malícia entre as folhagens 
de, por exemplo, "a outra margem":





Tijubine-se!


O homem-tijubina & outras copiadas entre as folhagens da malícia, Carvalho Junior, editora Patuá.




© 2014-2019 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.