Foto: Helena Frenzel
Schön wie die Acht (Linda como o Oito), Nikola Huppertz
Falo de livros na esperança de despertar em alguém o interesse por eles. Escrevo sobre livros para registrar as diferentes experiências que vou tendo com eles ao longo da vida. O livro da vez é Schön wie dia Acht (Linda como o Oito), de Nikola Huppertz, editora Tulipan, 2021, segunda edição, ainda sem tradução para o português (até o momento em que escrevo este texto). Esse livro foi finalista do Deutsch-Französisch Jugendliteratur Preis (Prêmio Franco-Alemão de Literatura Juvenil) de 2021.
Malte é um adolescente de doze anos que adora números e está se preparando para participar de uma olimpíada (de matemática) como representante de sua escola. Tudo caminhava de maneira "lógica" em sua vida até que Josefine, sua irmã mais velha por parte de pai, vem morar com a família, enquanto a mãe dela está internada numa clínica se tratando de um câncer. A chegada de Josefine altera tanto a rotina da família, já que ela passa a frequentar a escola que Malte frequenta, como a paz que parecia reinar na casa, já que sua presença conflituosa ameaça trazer à tona coisas que os pais de Malte preferiam manter esquecidas, coisas que podem alterar inclusive a relação deles com o filho.
Para bagunçar ainda mais a equação emocional do protagonista, aparece Lale, uma adolescente de uma outra escola que também vai participar da olimpíada e começa a frequentar o grupo de preparação na escola dele. Uma certa concorrência surge entre os dois, mas não só isso, também sentimentos com os quais Malte ainda não sabe lidar, coisas totalmente fora do seu "domínio", novas e incontroláveis variáveis.
A única certeza de Malte é que Lale é inteligente e linda como o número oito. Não bastasse tudo isso, ainda vem a professora de alemão com essa história de "poemas" e o desafio de sua "interpretação", essas bobagens… O que matemática tem a ver com amor, verdade e poesia? Ler esse livro é uma forma prazerosa de descobrir. A narrativa, do ponto de vista de um protagonista adolescente do sexo masculino, nos ajuda a compreender que o amor, e tudo o que se relaciona ao desenvolvimento emocional, é uma necessidade de todas as pessoas, independente do sexo ou do gênero.
A autora, Nikola Huppertz, tendo estudado música e psicologia, bem como tendo construído já uma carreira sólida na arte de escrever prosa e versos para o público infantojuvenil, consegue reunir nessa história, numa costura muito bem feita, a magia da matemática, o encanto da poesia e a forma racional de lidar com as imperfeições humanas, tudo isso coroado com a magia das descobertas, tanto adultas quanto adolescentes, uma capacidade que não deveríamos deixar de desenvolver nunca, seja em que fase da vida estivermos.
Uma leitura que recomendo muito, muito mais pelo prazer do texto que por qualquer outro motivo, qualquer outra característica que nos leve a pensar na beleza dos números, sobretudo na do número oito, com seu ar de "infinito".
Schön wie die Acht, Nikola Hupppertz, editora Tulipan, 239 páginas.
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