terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Leituras 2020 - Parte XII

A vigésima sexta leitura do ano foi o romance Sorte, de Nara Vidal (Editora Moinhos, 142 páginas). Este livro venceu o Prêmio Oceanos de 2018, o que aguçou minha curiosidade de lê-lo. Sorte me agradou bastante e certamente me levará a outros textos de Nara Vidal. Em tempo: a Moinhos é uma editora (ainda) pequena e é dona de um catálogo seleto e bem cuidado. A linha editorial é mais voltada para a publicação de autoras e autores da América Latina. Vale muito a pena a leitura de outros títulos tanto da Moinhos quanto do romance Sorte, de Nara Vidal.


A vigésima sétima leitura do ano foi uma biografia de Jenny Marx. Há alguns anos visitei uma exposição sobre Karl Marx na cidade de Trier, na Alemanha, e lá encontrei este livro: Jenny Marx. Die rote Baronesse, do autor Ulrich Teusch (Rotpunktverlag, 229 páginas). Terminei de ler este ensaio biográfico com a certeza de que Karl Marx não teria sido nem a sombra de quem foi se ele não houvesse jamais conhecido Jenny e, mais importante: se não pudesse ter contado com o intelecto e a colaboração dela em todos os sentidos. Nunca foi tão verdadeira aquela frase: Por trás de um homem que se apresenta como forte, sempre existe uma mulher ainda mais forte. Basta termos os meios e a vontade de ir atrás dos registros históricos para comprovar.


A vigésima oitava leitura do ano foi o romance Úrsula, escrito pela maranhense Maria Firmina dos Reis (Edições Câmara, 136 páginas). Maria Firmina é a primeira escritora negra da qual se tem notícia no contexto da literatura brasileira. Úrsula foi publicado em 1859 e tematiza a escravidão de pessoas negras, a opressão e a violência contra mulheres no Brasil do século XIX. O primeiro capítulo é de tirar o fôlego e nos faz perguntar como é possível que escritos de mulheres talentosas como Maria Firmina sigam desconhecidos e/ou esquecidos do grande público. Precisamos mudar isso urgentemente! Em tempo: os textos de Maria Firmina já se encontram em domínio público.


A vigésima nona leitura do ano foi a novela gráfica Die Drei Leben der Hannah Arendt, (As três vidas de Hannah Arendt) de Ken Krimstein (Editoral DTV, 243 páginas). Uma forma prazeirosa de saber um pouco mais sobre os detalhes da vida e da obra desta grande filósofa. Uma das melhores leituras do ano!  


A trigésima leitura do ano foram o excelentes quadrinhos feministas de Liv Strömquist, I’m every woman (Avant-Verlag, 110 páginas). Liv é uma das minhas autoras preferidas. Ela tem formação em Estudos Culturais, então os quadrinhos dela são sempre uma aula rica e divertida, de cunho feminista, sobre os assuntos mais variados. Em seus quadrinhos anteriores Liv já desvendou os mistérios da vulva e desconstruiu mitos em torno da menstruação (Der Ursprung der Welt - A Origem do Mundo), do amor romântico (Der Ursprung der Liebe - A Origem do Amor). Em I’m every woman Liv trata de mulheres que viveram à sombra de supostos grandes homens (tais como Jenny Marx, Priscilla Presley, Yoko Ono, para citar só umas poucas). Os quadrinhos de Liv são sempre um deleite de desconstrução e um show de informação ao mesmo tempo.






© 2014-2021 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário