A quadragésima primeira leitura do ano foi um ótimo encontro com o curioso O Mundo Resplandecente, de Margaret Cavendish (Plutão Livros, 241 páginas), publicado em 1666. Este texto é considerado a primeira utopia escrita (e publicada) por uma mulher no mundo ocidental. Só por isso já vale a pena lê-lo, mas o texto também é rico em questões que, bem exploradas, podem render discussões interessantes tanto para entender o pensamento da época, como para entender o pensamento contemporâneo em relação a muitos aspectos. Margaret Cavendish fez parte do círculo de mulheres intelectuais que ficou conhecido como As Preciosas, e cujas idéias contribuíram fortemente para o desenvolvimento do Iluminismo. Também foi a primeira mulher a poder participar da Royal Society of London. Vale muito a pena ler e conhecer esse mundo resplandecente, em que o poder está nas mãos de uma mulher que valoriza a diplomacia, a ciência e o conhecimento. Fora esse romance, Margaret publicou vários outros textos. Vale muito a pena pesquisar sobre a biografia e a obra dela.
A quadragésima segunda leitura do ano foi o romance Serotonin - ou Serotonina, como foi traduzido no Brasil - de Michel Houellebecq (Dumond, 335 páginas). Uma leitura que me incomodou bastante, e segue incomodando, em vários aspectos, até mesmo sob o ponto de vista estético no que tange ao uso de determinadas cenas na história. Pretendo deixar passar um tempo para poder relê-lo e então ter mais base para comentar algo a respeito. O romance toca em temas atuais super relevantes, sobretudo na questão da depressão e no sentimento de impotência ante o poder do Sistema e das grandes corporações.
A quadragésima terceira leitura do ano foi o romance Eu mataria o presidente, de Adelaide Carraro. Esta leitura faz parte de um projeto de resgatar a obra de autoras brasileiras que foram intencionalmente esquecidas. Eu mataria o presidente trata da temática da adoção e dos maus tratos sofridos e testemunhados pela narradora num tipo de internato, bem como de aspectos históricos relacionados ao ano de 1932.
A quadragésima quarta leitura foi um relatório da ONG CIR sobre a situação de comunidades que dependem da exploração de matérias primas: Der Deutsche Rohrstoffhunger und reine menschenrechtlichen Folgen im Globalen Süden (44 páginas). Trata-se de uma leitura técnica para coleta de dados relacionados ao problema do extrativismo. Por conta das tragédias e crimes lá relatados, não poderia deixar de citar esta leitura também aqui, para fins de registro.
A quadragésima quinta leitura do ano foi o texto O Estudante, atribuído à autora Adelaide Carraro (113 páginas). Um texto com todas as marcas de propaganda de uma ditadura militar ufanista, o famoso discurso das pessoas que se denominam "cidadãos de bem". Não sei se este texto foi de fato escrito por Adelaide. Li para saber do quê se tratava. Fica aqui apenas o registro para, quem sabe, mais tarde, verificar se o texto de é de Adelaide e em quais circunstâncias pode ter sido escrito.
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