Sim, o terceiro livro lido neste ano de 2020, o ano do Coronavírus, foi „Die einzige Geschichte“ (A única história), de Julian Barnes, editora Kiepenheuer & Witsch, 304 páginas. Só pelo título já dá pra sentir que se trata de uma perspectiva bastante parcial. Existe uma única história? Quando? Onde? O protagonista - Marco Paul - conta a sua história (de amor?) com uma mulher mais velha - Susan. É evidente que o narrador se encontra em uma posição muito cômoda e que a culpa sempre (re-)cai mais facilmente em cima da outra parte que, como era de se esperar, permanece calada. Terminei a leitura morrendo de vontade de conhecer a versão de Susan para a história dos dois. Havia outros livros na minha lista de leitura e ainda hoje me pergunto o que teria me levado a mudar a lista de prioridades e ler este livro primeiro. Bem, coisas da vida. Leio o que sinto vontade. Este livro me caiu em mãos na época e comecei a lê-lo, simples assim.
Eu já ia reclamar de ainda não ter lido nenhum livro escrito por mulheres este ano de 2020 quando… Lauren, de Irka Barrios, me caiu em mãos! Irka Barrios é uma jovem escritora brasileira, premiada, e Lauren é seu primeiro livro. Trato de ler meus contemporâneos porque a literatura registra o sentimento do nosso tempo. E em Lauren esses sentimentos são gritantes! Está tudo ali: quem tiver olhos, veja. Quem deseja muito entender a onda de fundamentalismo evangélico pentecostal que está alterando as políticas públicas no Brasil neste momento precisa ler os textos contemporâneos. Lauren é uma adolescente que vive numa cidadezinha no Sul no Brasil. A religião protestante tem grande influência na família dela, sobretudo na figura de um desses pastores enlatados importados do modelo de pseudo-prosperidade estadounidense. Bem, não vou dizer mais nada. O livro me manteve em suspense da primeira até a última página e não quero estragar a surpresa de quem virá a lê-lo. Leia Lauren, de Irka Barrios, editora Caos & Letras, 221 páginas.
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