terça-feira, 13 de outubro de 2020

Leituras 2020 - parte VI

A décima primeira leitura do ano foi feita em parceria com a minha filha. Se trata da novela gráfica de Ari Folman e David Polonsky, "O Diário de Anne Frank" - editora Fischer, 158 páginas. Sim, o tema é delicado e eu já havia lido a história de Anne em outras edições. O fato de termos lido este diário juntas, em forma de novela gráfica, e bem no meio de uma quarentena, fez com que pudéssemos sentir de maneira muito mais empática a situação de Anne e sua família. Por incrível que pareça, minha filha reagiu a esse livro de uma maneira bastante sóbria. A leitura nos permitiu conversar sobre o porquê de coisas terríveis como esta terem acontecido, e do que é preciso fazer para que horrores assim sejam punidos e nunca mais se repitam na história da humanidade. Conversamos sobre os crimes do passado e também sobre os crimes que estão sendo praticados agora, contra a humanidade, como o genocídio dos povos indígenas, a destruição da fauna e da flora e de qualquer possibilidade de futuro neste planeta. Minha filha também é alemã e antes que nós duas lêssemos juntas o diário de Anne Frank, ela já havia sido introduzida - por meio de material feito para crianças da idade dela - aos crimes cometidos contra a humanidade pelos nazi-fascistas na Segunda Grande Guerra.  O trabalho de preservação da memória histórica é essencial para nossa sobrevivência e deve começar o mais cedo possível, exatamente para combater discriminações de todos os tipos e impedir que pessoas e instituições criminosas permaneçam impunes. Sim, com certeza esta foi uma das leituras mais marcantes do ano.


O décimo segundo livro foi a autobiografia de Edward Snowden, "Permanent Record - Meine Geschichte", editora S. Fischer, 429 páginas. Pois se você nunca ouviu falar de Snowden e não tem idéia do bem que ele nos fez, é sinal de que, como cantava Belchior: "Eles venceram e o sinal está fechado para nós, que somos jovens". Quem são "eles"? Jura que você não sabe?! Não, não é segredo para ninguém que há muito tempo deixamos de ser sujeitos nas redes e nos tornamos todos objetos, nos tornamos todos mercadoria. Pois bem, ter lido a história de Snowden me fez relembrar também o meu passado relativamente nerd e só me fez ter mais gratidão a ele pela coragem de revelar ao mundo o quão nus todos nós estamos na rede e no mundo. Uma das melhores leituras do ano!





© 2014-2020 Helena Frenzel. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons - Atribuição - Sem Derivações - Sem Derivados 2.5 Brasil (CC BY-NC-ND 2.5 BR). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito à autora original (Para ter acesso a conteúdo atual aconselha-se, ao invés de reproduzir, usar um link para o texto original). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.

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